Na busca de atendimento de qualidade aos usuários dos serviços de saúde, com foco nas necessidades individuais e subjetivas do individuo, foi intensificada nos últimos anos, a discussão sobre a necessidade da humanização no sistema de saúde visto a necessidade urgente de norteadores para a cidadania aplicada na pratica cotidiana.

Entende-se que a humanização deve perpassar todos os serviços de saúde, em seus mais variados setores e em todos os níveis de atenção, para tanto a política nacional de humanização PNH lançada em 2004 vem de encontro as realidades pontuais do Brasil. Este estudo identificou que na atenção secundaria no setor de radiologia, existem grandes dificuldades para efetivar o cuidado humanizado. A motivação de realizar este estudo advém das observações do trabalho dos profissionais no setor radiológico.

O objetivo deste trabalho foi relatar experiências vividas no setor de radiologia de um Hospital, com enfoque na humanização do setor radiológico, identificando as principais dificuldades encontradas pelos profissionais da área e sugerir possíveis soluções para melhoria da humanização no setor.

Trata-se de um relato de experiência, realizado durante um estágio supervisionado obrigatório do curso técnico em Radiologia, no período de fevereiro a abril de 2014, no setor de Radiologia de um Hospital no interior do estado do Rio Grande do Norte.
Os descritores Radiologia, Humanização e Serviço hospitalar de radiologia foram identificados por meio da busca nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) através do endereço eletrônico: http://www.desc.bvs.br.

Utilizamos como critérios de inclusão a relação com o tema proposto, publicações em língua portuguesa, artigo científico, trabalhos completos e pesquisas disponíveis, e que tenham sido publicados no período de 2008 a 2014. Esse recorte temporal se deve ao fato da modernização e atualizações da área.

Este estudo identificou dificuldades dos profissionais das técnicas radiológicas para uma prática de trabalho humanizada bem como o conhecimento em parte da política nacional. O relato parece que é algo simples de ser feito, que deve ser natural, já que seres humanos cuidam de seres humanos rotineiramente.

No entanto, observa-se a dificuldade de alguns profissionais chamarem o paciente pelo nome, dar um sorriso, olhar nos olhos, percebê-lo como alguém que necessita de atenção e escuta indo além da tecnologia proporcionada por uma máquina. Não está se propondo a diminuição do
uso da tecnologia, mas, sim, a utilização de outras formas de perceber o paciente, indo ao encontro do que é preconizado pela Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde e ao Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas.

Segundo o artigo 4º do capitulo III do Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas, 2011, O alvo de toda a atenção do Tecnólogo, Técnico e Auxiliar em Radiologia, é o cliente/paciente, em beneficio do qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade física e profissional. A humanização é um processo simples e ao mesmo tempo bastante complexo, já que envolve mudanças comportamentais, assim, a importância da comunicação entre os profissionais é de extrema importância para um cuidado humanizado.

O trabalho do técnico em radiologia é pautado por cuidados complexos, individualizado, integral e humanizado, apesar das grandes dificuldades. A cobrança pela produtividade e pela qualidade é entendida até pelo alto número e a diversidade de exames realizados por dia. Mas, o alto fluxo de pacientes faz com que alguns profissionais esqueçam de que todo exame envolve uma ou mais vidas, sob o aspecto de temor frente ao diagnóstico, fato que tese propicia alterações até de percepção psicológicas e emotivas e exerçam um trabalho mecanizado. O hospital é uma grande instituição de saúde que deve trabalhar de forma integrada e humanizada para atender às necessidades dos pacientes que o procuram.

Conclusão

No entanto, o que se percebe é um sistema desarticulado, no qual cada setor executa seu trabalho de modo individualizado com pouca comunicação com os demais. Com isso, os exames acabam sendo repetidos, submetendo o paciente a mais radiação e consequente demora do seguimento de seu atendimento que pode vir a ser em parte prejudicado. Tal fato decorre da pouca comunicação, falta de interesse e interação da equipe multiprofissional; e dificuldades sobre informações básicas, como posicionamento adequado, e letras ilegíveis, são realidade do cotidiano.

Os profissionais que estão dando assistência ao paciente no momento do exame ficam receosos do perigo à exposição dos raios-X e, com isso, deixam o local em busca de proteção. Assim sendo, este realiza o posicionamento em condições desfavoráveis por estar sozinho, e com muita pressão de tempo e qualidade do serviço, correndo risco de causar algum acidente na manipulação indevida dos pacientes.

A participação de todos os profissionais ajudando-se mutuamente potencializa a diminuir o risco de acidentes e o paciente não sofre com a manipulação única de um funcionário, partindo do pressuposto que todas as informações devem ser difundidas e aplicadas na forma prática entre os profissionais.

Sugere-se que as instituições e órgãos públicos e privados competentes da saúde estimulem e promovam treinamentos e cursos de atualizações profissionais sobre o tema. Somado a essas observações, vale salientar a escassez de estudos sobre a humanização do trabalho do radiologista, o que demonstra a relevância do tema, e enfatiza-se a importância de mais estudos aprofundados na área.

Fonte: Radiologia Blog por Valdetrudes Paz Jr
Imagem: Hospital Sabará Tomografo Infantil

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